CRH – Estacas

O CRH (coeficiente de reação horizontal) pode ser entendido como a rigidez do contato estaca-solo, mas nesse caso, ao contrário do CRV, na direção horizontal.


As forças horizontais podem ser causadas por vento, empuxo de terra, sismo, etc. No projeto de uma fundação profunda submetida a um carregamento deste tipo é necessário calcular os deslocamentos e obter os diagramas de momento fletor e esforço cortante.



Coeficiente e Módulo de Reação Horizontal

Para o estudo de estacas submetidas a esforços de tração são frequentemente utilizados métodos decorrentes do coeficiente de reação horizontal estimado, na grande maioria dos casos a partir dos resultados de sondagens à percussão (SPT) associada à classificação táctil-visual dos solos.


O coeficiente de reação horizontal (kZ) tem como hipótese básica a consideração de que a pressão atuante na profundidade z é proporcional ao deslocamento sofrido pelo solo:

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Conforme ALLONSO (1989), essa conceituação, semelhante à hipótese de Winkler, embora aplicada ao caso de vigas horizontais sobre apoios, perde o sentido quando aplicada a estacas, sendo modernamente utilizado o módulo de reação horizontal (K). Este módulo é definido como a relação entre a reação do solo, na profundidade z, e o deslocamento horizontal:


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Variação do Módulo de Reação com a Profundidade

O valor do módulo de reação horizontal possui dois tipos de variação: constante ou linearmente crescente com a profundidade. Nas argilas pré-adensadas, o módulo (K) é constante com a profundidade (z), mas nas areias e argilas normalmente adensadas varia linearmente com a profundidade, de acordo com a expressão (K = nH z), onde nH é denominado “constante do coeficiente de reação horizontal”.


As tabelas abaixo apresentam valores típicos para K e nH :



ARGILAS PRÉ-ADENSADASVALOR DE K (MPa)
CONSISTÊNCIAORDEM DE GRANDEZAVALOR PROVÁVEL
Média 0,7 a 4,00,8
Rija 3,0 a 6,55,0
Muito Rija 6,5 a 13,010,0
Dura> 13,019,5

Tabela 14.1 – Valores do módulo de reação K para argilas pré-adensadas.



COMPACIDADE DA AREIA ouCONSISTÊNCIA DA ARGILAVALOR DE nH (MPa)
SECASUBMERSA
Areia fofa2,61,5
Areia medianamente8,05,0
Areia compacta20,012,5
Silte muito fofo-0,2
Argila muito mole-0,55

Tabela 14.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal nH.



Modelo Conforme SPT/m

Ainda para o cálculo de fundações profundas carregadas tran. sversalmente, foi implantado no sistema SISEs o modelo de Waldemar TietzEste método, apresentado na revista ESTRUTURAS nº. 76, foi concebido inicialmente para tubulões com diâmetro igual ou superior a 1m.


Diferentemente das estacas submetidas somente ao esforço axial de compressão, que depende mais do tipo de solo abaixo da ponta, para estacas submetidas à ação horizontal o mais importante é o solo que envolve os primeiros metros de profundidade do fuste. Quando um tubulão dentro do solo se desloca no sentido horizontal, o solo exerce sobre sua superfície lateral bC (reduzida) uma pressão variável com a profundidade:

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Onde: Cz : é denominado “coeficiente de recalque do solo;

m: em cea674440eb165cc6a5ce6a6388b6660.png é o coeficiente de proporcionalidade que caracteriza a variação do coeficiente CZ em relação à qualidade do solo;

z: é a profundidade das respectivas camadas do solo consideradas a partir da superfície do solo ou do nível da base do bloco.


As tabelas abaixo apresentam os valores típicos de m:

SOLO ARENOSOCOMPACIDADESPTm cea674440eb165cc6a5ce6a6388b6660.png
AreiaFofa1150
SiltePouco compacta7300
SilteMedianamente c.20500
AreiaCompacta40800
ArgilaMuito compacta501500

Tabela 14.3 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos arenosos.



SOLO ARGILOSOCONSISTÊNCIASPTm cea674440eb165cc6a5ce6a6388b6660.png
TurfaMeio líquido025
ArgilaMuito mole175
ArgilaMole3150
ArgilaMédia6300
ArgilaRija12500
ArgilaMuito rija22700
ArgilaDura> 30900

Tabela 14.4 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos argilosos.



A correlação do número de SPT com os coeficientes de proporcionalidade do solo tabelado pela norma russa precisa ser comprovada para o solo brasileiro. Existem algumas correlações para relacionar o NSPT com a capacidade de ruptura, mas em principio, o autor (WALDEMAR TIETZ) desconhece método semi-empírico prático tal como ocorre para estacas axialmente carregadas como os métodos de AOKI-VELLOSO e DÉCOURT-QUARESMA.


Outra observação importante é que atualmente o SISEs não aborda todas as análises propostas por TIETZ para a determinação do coeficiente de recalque do solo CZ , sendo estes (largura efetiva, efeito de grupo, continuidade do solo, etc) incluídos posteriormente no sistema.



Resumo dos Diversos Métodos

Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um, tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do SPT, etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da sondagem.


Método para cálculo do CRH Tipo SoloConsidera Diversas Camadas?Associação Camada Sondegem pelo SPTAssociação Camada Sondagem pelo TituloVariáveis a definir por camadaDepen-dência do Método / SPT
Tipo do SoloArgila DuraSimNãoSimKNenhum
Areia Argilas molesSimNãoSimnhNenhum
SPT/mArgila AreiaSimSimNão----Total