CRH – Sapatas e Tubulões
Sapatas
Para o caso de fundações rasas, a consideração dos deslocamentos devido a forças horizontais é de difícil equacionamento, pois se tem que levar em conta o coeficiente de atrito sapata-solo. Trata-se de um problema típico de contato.
No SISEs, para o caso de fundações diretas, tipo sapatas, o Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) do solo é estimado como uma parcela do Coeficiente de Reação Vertical (CRV).
Tubulões
Para o caso de fundações profundas, a consideração dos efeitos horizontais é muito importante. Neste sentido, define-se o CRH, Coeficiente de Reação Horizontal, que possui a mesma interpretação física do CRV, mas relativos ao quociente entre as pressões horizontais (Ph) e o seu recalque (dh).
Ou seja, ele fica expresso como:
Neste sentido, foram implementados dois métodos clássicos da literatura para a inserção deste coeficiente no SISEs para os elementos de fundação do tipo tubulão. Eles foram
CRH - Tipo de solo;
CRH - Conforme SPT/m;
Tipo de Solo
Neste método a proporcionalidade entre tensão e o deslocamento é caracterizada pelo denominado Módulo de Reação Horizontal (K), com unidade de F/L².
Para este método, consideram-se dois tipos de solo de referência para o seu cálculo. Os solos argilosos pré-adensados e as areias e as argilas normalmente adensadas.
No caso de argilas pré-adensadas, mostra-se que o CRH não varia com a profundidade, ou seja, este valor é constante, dependendo apenas do seu tipo de consistência. Neste sentido, a Tabela 6.1 é adaptada de TERZAGHI (1955) para este caso:
Descrição do tipo de solo | K (kgf/cm²) |
Argila Média | 8 |
Argila Rija | 50 |
Argila Muito Rija | 100 |
Argila Dura | 195 |
Tabela 6.1 – Valores do CRH para argila pré-adensadas conforme Terzaghi (1955)
Para as areias puras ou argilas moles, a rigidez aumenta com a profundidade em função da maior pressão geostática. Isto é indicado pela seguinte relação:
Onde é uma constante tabelada e depende do tipo do solo e é a profundidade de cálculo do CRH. Os valores de foram propostos por TERZAGHI (1955) e são indicados na tabela 6.2.
Descrição do tipo de solo | h seco | h saturado |
Areia fofa | 0,26 | 0,15 |
Areia med. compacta | 0,80 | 0,50 |
Areia compacta | 2,00 | 1,25 |
Argila muito mole | 0,06 | 0,06 |
Argila mole | 0,08 | 0,08 |
Silte muito mole fofo | 0,055 | 0,055 |
Tabela 6.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal - (kgf/cm³) para areia ou argila norm. adensada conforme TERZAGHI (1955)
Desta forma, a constante de mola do modelo de WINKLER é obtida multiplicando o Módulo de Reação Horizontal (K) pelo quinhão do comprimento do tubulão, de forma a se escrever:
Onde ∆l é o comprimento de influência da fundação, no presente caso, computa-se a influência de cota do SPT, assim ∆l = 1 m .
Referência bibliográfica: TEIXEIRA& GODOY (1996), Terzaghi (1955).
Conforme SPT/m
Nesta formulação, apresentada por Waldemar Tietz em TIETZ (1976), utiliza-se um coeficiente de proporcionalidade (m), com unidade F/(L²)², que caracteriza a variação do coeficiente horizontal em relação ao tipo do solo. Essa formulação é originalmente aplicada a tubulões com mais de 1m de diâmetro. Este coeficiente depende do tipo de solo, sua consistência ou compacidade e do intervalo do SPT da sua camada, ver valores nas Tabelas 6.3 e 6.4.
Desta forma, a constante de mola do modelo de Winkler é obtida multiplicando este coeficiente de proporcionalidade (m) pelo quinhão do comprimento do tubulão, pela profundidade da camada e pelo diâmetro do fuste, de forma a se escrever para uma camada genérica i:
SOLO ARGILOSO | CONSISTÊNCIA | SPT | m [tf/(m²)²] |
Turfa | Meio líquido | 0 | 25 |
Argila | Muito mole | 1 | 75 |
Argila | Mole | 3 | 150 |
Argila | Média | 6 | 300 |
Argila | Rija | 12 | 500 |
Argila | Muito rija | 22 | 700 |
Argila | Dura | 30 | 900 |
Tabela 6.3 – Valores de m [tf/(m²)²] para argila
SOLO ARENOSO | COMPACIDADE | SPT | m [tf/(m²)²] |
Areia | Fofa | 1 | 150 |
Silte | Pouco compacta | 7 | 300 |
Silte | Medianamente c. | 20 | 500 |
Areia | Compacta | 40 | 800 |
Argila | Muito compacta | 50 | 1500 |
Tabela 6.4 – Valores de m [tf/(m²)²] para areia
Referência bibliográfica: TIETZ (1976), SCHAFFER, A. (1995).
O valor máximo do SPT nessas tabelas não pode ser inferior a 40, uma vez que é o limite superior de sua entrada. Caso usuário defina esse valor máximo menor que 40, o sistema o adota como limite superior.
Resumo dos Diversos Métodos
Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um, tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do SPT, etc. Esta tabela também o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da sondagem.
Método para cálculo do CRH | Tipo Solo | Considera Diversas Camadas? | Associa-ção Camada Sondagem pelo SPT | Associação Camada Sondagem pelo Titulo | Variáveis a definir por camada | Dependência do Método/ SPT |
Tipo do Solo | Argila Dura | Sim | Não | Sim | Kh | Nenhum |
Areia Argilas moles | Sim | Não | Sim | nh | Nenhum | |
SPT/m | Argila Areia | Sim | Sim | Não | ---- | Total |